sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

O Jogo da Imitação (2014)

The Imitation Game
Diretor: Morten Tyldum
114 min.


Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo britânico monta uma equipe que tem por objetivo quebrar o Enigma, o famoso código que os alemães usam para enviar mensagens aos submarinos. Um de seus integrantes é Alan Turing (Benedict Cumberbatch), um matemático de 27 anos estritamente lógico e focado no trabalho, que tem problemas de relacionamento com praticamente todos à sua volta. Não demora muito para que Turing, apesar de sua intransigência, lidere a equipe. Seu grande projeto é construir uma máquina que permita analisar todas as possibilidades de codificação do Enigma em apenas 18 horas, de forma que os ingleses conheçam as ordens enviadas antes que elas sejam executadas. Entretanto, para que o projeto dê certo, Turing terá que aprender a trabalhar em equipe e tem Joan Clarke (Keira Knightley) sua grande incentivadora. (AdoroCinema)

Eu quero te pedir um favor, pode ser? Pense aí em alguma cinebiografia (que se preze, claro) que você já tenha visto. Qualquer uma. Eu creio que posso afirmar duas coisas: a primeira é que, muito provavelmente, o protagonista dessa história é alguém importante e, de certa forma, popular, que muitas pessoas conhecem (Steve Jobs, Renato Russo, Stephen Hawking... e por aí vai). A segunda é que o filme com certeza não gastou seu tempo mostrando coisas já imensamente conhecidas da vida da tal pessoa, e se mostrou, foi num caráter bem pessoal da figura retratada.

Agora imagine um filme, biográfico, de uma pessoa que não é tão conhecida assim. Cabe ao diretor citar os fatos importantes da vida da pessoa e retratar o emocional, os segredos da pessoa, para ter um resultado final, ao meu ver, de sucesso. E esse é o problema crucial aqui. O filme se responsabiliza apenas em apresentar os grandes feitos de Alan Turing (que realmente devem ser exaltados), mas nos dá uma noção bem pobre sobre os questionamentos do protagonista, principalmente no que se trata sobre sua sexualidade, o que faz total diferença no filme.

O filme por completo tem 114 min. que não são muito bem aproveitados. Existem cenas que são completamente dispensáveis, tempo este que deveria ter sido utilizado para explicar outros aspectos da vida do matemático inglês. Realmente, isso não tem justificativa...
Porém se há uma coisa que o filme acerta em cheio (é um pouquinho exagerado, mas nada demais), é em mostrar a fixação de Turing em seu objetivo de desvendar o código Enigma. A posição dele em relação à Guerra é quase indiferente. Ele é cem porcento determinado apenas em vencer o código. Pouco importa quem sairá ganhando no final.
O pobre do Benedict Cumberbatch está muito bem nesse filme. Uma coisa curiosa é que mesmo sem haver nenhum tipo de estudo de personagem muito aprofundado no filme, a atuação do Bennedict conseguiu dar várias características bem marcantes ao personagem. O estudo de personagem aqui sobra todo para Cumberbatch. Fica claro que o ator estava dando seu máximo para que seu personagem, assim como seus atos durante a trama, fossem compreendidos pelo espectador. Alan Turing com certeza não foi alguém comum. Com certeza teve vários problemas bem pessoais ao longo de sua vida (o que, inclusive, resultou em seu triste fim), que foram bem interpretados por Cumberbatch, mas claro, na medida do possível. Isso funcionou de uma maneira rasa, obviamente, pois sobrou apenas para o ator. O problema só se agrava no elenco coadjuvante, o que é até espantoso. O elenco do filme não é ruim, conta com Keira Knightley e Charles Dance, do Game of Thrones (já logo aviso que o personagem dele aqui é exatamente igual ao do seriado, Tywin Lannister. Não espere uma atuação muito diferente). São ótimos atores que não têm muito conteúdo pra trabalhar.

Em questões técnicas, o filme não apresenta muitas novidades. Tudo foi bem feito, porém não há nada muito diferente, ou espetacular. A reconstrução de época foi muito bem feita, mas nada que A Teoria de Tudo já não tenha feito de forma muito melhor. Se há alguma coisa a se exaltar é o pouco de planos muito abertos, o que dá uma claustrofobia muito interessante ao filme, e que dá uma sensação bem curiosa. Alan Turin passou um grande período de tempo desenvolvendo uma solução para o código Enigma, logo a maioria das cenas do filme são em quartos, ou salas de estudo.
Em suma, sinto dizer que temos um resultado mediano, que não é digno de todas as suas 8 indicações ao Oscar (com exceção da justíssima indicação de Benedict Cumberbatch). Um resultado final frustrante e até meio preguiçoso. Não é um filme de todo ruim, mas que quando acaba, nos dá aquela sensação de que não vimos tudo o que deveríamos. Eu estranhei o fato desse filme ter sido indicado e ganhado tantos prêmios, e prêmios importantes. Então tire suas próprias conclusões, mas recomendo que não vá com tanta sede ao pote...

8 indicações ao Oscar 2015, incluindo "Melhor Filme"

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