sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Whiplash: Em Busca da Perfeição (2014)

Whiplash
Diretor: Damien Chazell
107 min


Eu toco bateria já devem fazer uns cinco ou seis anos. Se bobear até mais. Obviamente, quando ouvi falar sobre um filme sobre uma baterista (ainda por cima de jazz), já se despertou um interesse, mas o tempo foi passando e eu fui esquecendo de acompanhar seu processo de criação. Meses se passaram e quando eu checo a lista do Oscar, lá está: Whiplash. A única coisa que penso é que necessito ver esse filme. Eu realmente estava com as expectativas extremamente altas.

E com certeza não fui decepcionado.

O solitário Andrew (Miles Teller) é um jovem baterista que sonha em ser o melhor de sua geração e marcar seu nome na música americana como fez Buddy Rich, seu maior ídolo na bateria. Após chamar a atenção do reverenciado e impiedoso mestre do jazz Terence Fletcher (JK Simmons), Andrew entra para a orquestra principal do conservatório de Shaffer, a melhor escola de música dos Estados Unidos. Entretanto, a convivência com o abusivo maestro fará Andrew transformar seu sonho em obsessão, fazendo de tudo para chegar a um novo nível como músico, mesmo que isso coloque em risco seus relacionamentos com sua namorada e sua saúde física e mental. (AdoroCinema)

JK Simmons e Milles Teller têm uma química incrível juntos, por mais que os personagens de ambos sejam bem diferentes. Os dois estão muito bons, mas o destaque com certeza é o JK Simmons, como Fletcher, que ganhou o Globo de Ouro esse ano. Ele faz um personagem extremamente autoritário, que exige a mais completa perfeição de seus alunos, que pode parecer a pessoa mais odiável do mundo nos primeiros minutos, mas enquanto o tempo vai passando o espectador conhece mais do personagem e vai construindo aos poucos uma opinião sobre ele. Pra resumir, não tem como amar nem odiar o personagem. Ele é extremamente exigente (o que nos faz nos perguntarmos até que ponto o que ele faz é correto), mas ao mesmo tempo procura que seus alunos atinjam seus objetivos. Já o Milles Teller, como Andrew não é um protagonista muito convencional. Não é muito fácil gostar dele, mas mesmo assim é muito bom lutar pelos seus objetivos junto com ele. Você não gosta muito dele, mas quer que ele vá bem nas apresentações. É estranho, mas juro que faz sentido.

O trabalho do diretor Damien Chazell aqui foi excelente. Ele soube muito bem aproveitar dos aspectos técnicos do filme para retratar a tensão ou o alívio do filme, dependendo da cena. Para as cenas da banda, ou só do Andrew tocando, o diretor usa cortes rápidos, vários takes bem detalhados e curtos, que, quando seguidos, dão uma sensação de rapidez de tirar o fôlego, que está muito bem feita e que acrescenta muito ao filme. Já nas cenas mais lentas, mais calmas, a câmera geralmente está parada, simplesmente mostrando o que deve ser mostrado. Isso ficou incrível.

Uma das coisas mais legais de se ver no filme é, com certeza, as performances musicais que, acredite ou não, todas são reais. Me peguei boquiaberto várias vezes com a perfeição apresentada por parte não só do Milles Teller (que é um baterista desde criança, e diz que aprendeu sozinho), quanto pelos outros músicos do filme. Tocar jazz é muito difícil. Fingir erros, mais ainda. E a obra está repleta de cenas assim, o que é realmente impressionante (vai ver o Terence Fletcher é um alter-ego do diretor...).

Mas, como tudo não são só flores, o elenco mais coadjuvante do filme realmente não tem muita serventia. No caso, falando mais do pai do Andrew e da "namorada" dele. O pai dele tem um papel até bem legal e importante pra construção psicologica do personagem, ele é o único membro da família dele que sobrou após a mãe ter fugido após seu nascimento, mas o ator, Paul Reiser, não oferece nada demais. Mas o problema mesmo aparece na personagem Nicole, namorada de Andrew, interpretada por Melissa Benoist. Não é que ela atua mal, mas a personagem dela podia ser completamente retirada do filme que nada seria perdido. Ela é completamente inútil nesse filme.

Whiplash é perturbador em alguns momentos, mas isso com certeza não é um ponto negativo. Ele não chega a sufocar o espectador, sabendo aonde acabar com a pressão psicológica nos personagens no momento certo. E que tem uma cena final, quase sem falas, que é extremamente satisfatória. Não tem como não ficar de cara com esse final. Pra resumir: gosta de Jazz? Assista Whiplash. Gosta de bateria?Assista Whiplash. Gosta de música? Assista Whiplash. Gosta de... ah, que seja. Assista Whiplash.



 

5 indicações ao Oscar 2015, incluindo "Melhor Filme"

Nenhum comentário:

Postar um comentário